Conferência anuncia plano da China de 'mudar a face do cristianismo mundial'
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Publicado em 10/07/2023

De acordo com notícias da revista Bitter Winter, no mês de junho houve uma conferência entre líderes religiosos que estão alinhados com o Partido Comunista da China (PCC) e que revelaram a intenção de Xi Jinping de “mudar a face do cristianismo mundial”.

Isso é o que diz um relatório divulgado pela revista que preza pela liberdade religiosa e direitos humanos. 

De acordo com este relatório, a “Reunião de Treinamento para Pastores-Chave da Região Cristã do Nordeste da China”, realizada entre os dias 27 a 30 de junho, na província de Jilin, foi o lançamento de um “plano grandioso” do presidente chinês e seu Partido Comunista. 

Na conferência transmitida nacionalmente, o pastor Kan Baoping, do Comitê do Movimento Patriótico Cristão da China, e o pastor Shan Weixiang, do Conselho Cristão da China, estavam entre os palestrantes.

‘China quer sinicizar o cristianismo’

Em seu discurso centrado no “cristianismo adaptado a uma sociedade comunista”, Kan previu que o Movimento das Três Autonomias ajudaria a ampliar a mensagem da “experiência bem-sucedida da sinicização do cristianismo”.

“Mudaremos a face do cristianismo mundial”, declarou o pastor Kan na conferência. O termo “sinicização” usado por ele, também conhecido por “chinização” descreve o alinhamento dos cristãos com as tradições chinesas. 

Em resumo, sinicizar o cristianismo é um artifício comunista para impor uma ideologia e ressignificar a Bíblia. Não há como fazer com que o cristianismo entre nos moldes da cultura chinesa, já que os cristãos seguem a “cultura do céu” e acreditam que Jesus será o Rei de toda a Terra. 

Resumindo, os cristãos não seguirão as ordens de um líder humano, pois já priorizam em suas vidas os preceitos e valores de um único Deus. 

Especialistas consideram essa tentativa do Partido Comunista, que é oficialmente ateu, como uma forma de colocar as religiões sob seu controle absoluto. “Eles querem alienar o cristianismo”, conforme o Christian Post.

Ao fazer isso,  de acordo  com o grupo de direitos humanos China Aid, o PCC “espera reduzir o cristianismo a ponto de operar como uma ferramenta, transformando-o em pseudocristianismo”. 

‘Número de cristãos aumentou muito na China’

O Christian Post ainda lembrou de uma reportagem de 2020, do The Wall Street Journal, sobre uma reunião de alto nível entre membros do Comitê Permanente do Politburo do PCC, que foi realizada no auge da pandemia, com estudiosos e figuras religiosas focadas no esforço para “fazer interpretações precisas e autorizadas de doutrinas clássicas para acompanhar os tempos”. 

Tal esforço se deu justamente quando o cristianismo na China explodiu de cerca de 4 milhões de adeptos na década de 1950 para mais de 60 milhões em 2020. 

O governo chinês reconhece apenas cinco religiões oficiais que se submetem à sua influência. As autoridades reprimem regularmente grupos religiosos não autorizados e igrejas domésticas. 

A China também trabalhou para se alinhar com a sede do poder no catolicismo depois de assinar um acordo com o Vaticano, em 2018, para dar ao governo comunista um papel na nomeação de bispos para consolidar a Igreja Católica na China.

No início deste ano, a China Aid observou através de um relatório que o PCC intensificou a perseguição à Igreja, em 2022, em toda a China continental, acusando os cristãos de “fraude” e censurando de forma mais rigorosa todo conteúdo religioso online.

 

De acordo com o relatório, vários pastores e presbíteros de igrejas domésticas na China foram enviados para a prisão, incluindo o pastor Hao Zhiwei, da Ezhou House Church, na província de Hubei, que foi condenado a 8 anos de prisão.

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